Nesses
vinte e três anos de percurso profissional, mediando relações familiares, empresariais
e interpessoais, tenho me atentado com afinco à maneira como determinados
assuntos tem sido banalmente abordados. Entre alguns temas pertencentes a essa
preocupação, destaco a Patologização e a judicialização da vida como um todo.
Bem...
Iniciemos pela Patologização...
Nas duas
últimas décadas, foram conquistados muitos avanços na área da saúde, tanto em
recursos humanos como em ciência, tecnologia e conscientização sobre o direito
de acesso. Porém paralelo a isso, cresceu também a prática de tratar como
questões médicas, quase tudo que foge ao padrão comportamental esperado pela
sociedade. Os termos técnicos passaram a ser usados de forma banal e o que era
restrito ao uso profissional, passou a fazer parte do cotidiano.
Hoje o
indivíduo não fica triste... fica depressivo ! Não fica irritado, mas sim,
estressado! Não fica agitado, mas hiperativo!... Criança não tem dificuldade no
processo de aquisição da leitura e escrita, tem sim, suspeita de dislexia... E
assim por diante.
E esse mau hábito de patologizar a vida, tem por consequência a medicalização descontextualizada. As pílulas passam a resolver tudo... Substituem o diálogo, a companhia, o cafuné. Enquanto medicalizamos a vida, nos eximimos ao transtorno das reflexões... das mudanças de postura. Para que repensar uma prática pedagógica? Há remédio que garanta a atenção concentrada... Para que compreender o fenômeno desencadeador da rebeldia? Há remédio que traga a tranquilidade absoluta. Para que vivenciar o luto do término de um relacionamento? Há excelentes antidepressivos para fazer esse papel!
Claro que estou potencializando a questão! É sabido que há situações cuja intervenção medicamentosa é indispensável. Mas não me refiro a essa condição! Tenho sim, potencial desejo de enfatizar a banalização indiscriminalizada.
E esse mau hábito de patologizar a vida, tem por consequência a medicalização descontextualizada. As pílulas passam a resolver tudo... Substituem o diálogo, a companhia, o cafuné. Enquanto medicalizamos a vida, nos eximimos ao transtorno das reflexões... das mudanças de postura. Para que repensar uma prática pedagógica? Há remédio que garanta a atenção concentrada... Para que compreender o fenômeno desencadeador da rebeldia? Há remédio que traga a tranquilidade absoluta. Para que vivenciar o luto do término de um relacionamento? Há excelentes antidepressivos para fazer esse papel!
Claro que estou potencializando a questão! É sabido que há situações cuja intervenção medicamentosa é indispensável. Mas não me refiro a essa condição! Tenho sim, potencial desejo de enfatizar a banalização indiscriminalizada.
Ainda na linha dos exageros, atento-me
também, à judicialização da convivência.
As relações desgastadas, insatisfatórias
que antes eram resolvidas em um bom bate papo (ou até mesmo num mau bate
papo..rsrs ),hoje são mediadas por um juiz. Leva-se à justiça discussões entre
vizinhos, visitação de filhos, insatisfações pedagógicas, desentendimentos
profissionais, provocações em estádio de futebol, o churrasco do condomínio... O
bom e velho diálogo deixou de ser a primeira opção. O bom senso então?!...esse
não é mais conhecido. Quanto maior o número de ações protocoladas nos Foros, mais
temos a certeza de que a flexibilidade não tem feito parte da sociedade
contemporânea. Se juntarmos os pontos, podemos claramente fazer a seguinte
leitura: Estamos diante de uma sociedade que conquista na justiça (adeus ao
diálogo), se expressa no papel (adeus à troca de olhares), relaciona-se pelas
redes sociais (adeus ao toque), e anestesia a dor medicamentosamente ,pois as
dores devem ser eliminadas bem rápido...rápido o suficiente para não dar tempo
de refletir...rápido o suficiente para que não haja mudança... Resta-nos
indagar:
Até quando aguentaremos?